Professor desenvolvedor – parte 1

Marilia Faustino

Mestre em Ciências, professora e desenvolvedora de jogos at Aptor Software

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Quando se é professor é normal ouvirmos a pergunta sucessivas vezes “Mas você só dá aula? Não trabalha?” , como se ser professor não fosse um trabalho. Dramas a parte, esse artigo é sobre outras possibilidades de carreira que licenciados podem seguir. Você que estudou tanto tempo para saber como ensinar determinada matéria pode ter outras opções em sua carreira, além da atuação em sala de aula. Vou contar um pouco da minha vida profissional. Sou formada em Licenciatura em Ciências Exatas pela Universidade de São Carlos, um curso um tanto peculiar já que habilita o formado a ministrar aulas de Ciências Físicas e Biológicas  – Ciências da Natureza – além de uma especialidade escolhida pelo graduando que pode ser em Matemática, Química ou Física – que foi, no caso, a minha escolha. Quando me formei, resolvi seguir a área de materiais e recursos didáticos, então ingressei no Mestrado. Tudo terminado, defendido… E agora? Sala de aula!

Comecei a dar aula e logo percebi que o esquema que tinha servido para mim quando aluna, lousa e giz, boas aulas expositivas, não serviria para os meus alunos. Notei que os professores “mais amados” eram aqueles que levavam na sala de informática. Bingo, “vou levá-los”- pensei, que tolice. A primeira experiência foi um completo caos, pois em uma sala de aula do 6º ano (antiga 5ª série) com 40 alunos, uns 30 não faziam ideia do que estava acontecendo na tela, pediam pra entrar num site de jogos que já estava salvo nos favoritos do browser da escola. Fiquei observando aquilo, aqueles jogos de corrida, de pintar, de atirar, de completar. Uma ideia surgiu então, porque não criar jogos voltados para o ensino de alguma disciplina específica? O que já tinha na área? Que empresas faziam isso? Ahhhhhh, queria entrar neste mundo.

Mudança de vida: entrei numa nova graduação, afinal, queria aprender a programar, e não só a dar ideias. Agora, só precisava concretizar as ideias: foi quando resolvi bater na porta da equipe por trás – juntamente com o CMDMC – do Ludo Educativo, para conversar sobre elas!

Cá estou! =D

E as coisas começaram a acontecer. Criei jogos que já utilizei em sala de aula com os alunos e o resultado foi muito gratificante. Já conhecia as limitações do meu público (que varia muito de escola para escola, e com a idade), as potencialidades e sabia exatamente que objetivo queria alcançar com o uso daquela ferramenta pedagógica, no caso o jogo digital educativo (recomendações de como, quando usá-lo, no próximo artigo).

Então se você não está tão interessado em atuar em sala de aula, saiba que existe hoje um nicho em empresas como editoras, empresas de jogos tabuleiro e desenvolvedoras de jogos digitais,  um lugarzinho para você como desenvolvedor de conteúdo. Para realizar essa atividade não é necessário conhecimento em programação, e sim como transformar um determinado conteúdo em um jogo, ou em um modelo, gerar perguntas, gráficos, desenhos de determinados conteúdos… Transformar o que é texto em novas possibilidades de ensino/ aprendizagem.

Se você deseja ir além e desenvolver jogos, (como recebemos muitos emails dos nossos seguidores perguntando como podem criar seus próprios jogos) recomendo que você procure um curso para aprender programação, em qualquer linguagem (de preferência orientada a objetos) e utilize as ferramentas que estão disponíveis atualmente (algumas pagas, outras são softwares livres) como: Unity, Game Maker, Stencyl…  são programas que facilitam o desenvolvimento de jogos pois já tem muita coisa implementada, como por exemplo a física do ambiente, que você não precisaria ter que ficar gerando gravidade, atrito, força, etc. Além de uma ferramenta de apoio, você precisará se aliar a outros dois profissionais: um artista gráfico e um músico. Você pode ser uma pessoa multi tarefa e querer fazer tudo, mas não recomendo não!

Bom, era isso galere, até a próxima!

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