Por que criar (jogos)?

Gabriel Lima

Ex-Coordenador de desenvolvimento at Aptor Software
Desenvolvedor por formação. Artista por teimosia.

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Não é raro que me perguntem qual minha profissão. Respondo, com contentamento: desenvolvedor de jogos. Também não é raro que as pessoas, por não considerarem esta uma real profissão, repitam a pergunta passado algum tempo. Bom, não é novidade que alguns trabalhos não são tidos como ‘trabalho de verdade’ por uma parte da população, parte esta que muitas vezes repete o senso comum. Assim sendo, por quê então faço um trabalho que muitas vezes nem mesmo é reconhecido?

Esta é a mesma pergunta que também persegue músicos, cantores, pintores, atores e muitas outras profissões subestimadas. Oferecerei uma resposta que, se não servir para todos, servirá para alguns destes. Crio jogos porque é extremamente gratificante e desafiador. Daí me falam ‘Mas são só joguinhos! Não há nada de desafiador nisto.’. Sim, são só joguinhos, mas já pararam para pensar tudo que um jogo precisa para ser um jogo? Desconsideremos totalmente aspectos técnicos. O que um bom jogo, por menor que seja, tem? Gráficos coloridos, músicas aprazíveis, efeitos sonoros que criam o ambiente perfeito, mecânicas divertidas. Notaram que citei quatro áreas que são abordadas por profissionais totalmente diferentes? Os gráficos precisam do artista. As músicas precisam do compositor. Os efeitos sonoros precisam do sonoplasta. As mecânicas, muitas vezes, precisam não apenas do programador, mas também do físico. Sim, fazer um jogo compreende todos estes domínios e muitos outros, mas citei apenas algumas poucas peças componentes de um bom jogo. É aí onde mora minha paixão por desenvolver jogos, o fato dos jogos digitais serem uma mídia riquíssima. Produzir conteúdo de qualidade para tal mídia é altamente desafiador e gratificante, ainda mais se não dispõe de todos os profissionais necessários! Jogos podem ser muito mais que jogos, jogos podem ser experiências, como Bastion.

 

Captura de tela de Bastion, jogo da Supergiant  Games.

Bastion, da Supergiant Games, a qual agora tem um desafio pela frente com Transistor.

 

A trilha sonora singular de Bastion arrebatou prêmios e tocou corações, fazendo muitos jogadores encherem seus olhos de água salgada ao ouvirem o tema final, ‘Setting Sail, Coming Home’. E esta é, para mim, a magia por detrás dos jogos digitais. Esta inegável possibilidade de tocar seu expectador das mais diversas formas, passar uma mensagem única, a qual não seria bem transmitida por nenhum outro meio. Nesta experiência altamente interativa o jogador abandona a posição de expectador e se torna uma parte essencial da obra final. E, em minha posição de desenvolvedor e de artista, se eu puder causar uma pequena parcela dos sentimentos que Bastion causou em seus jogadores, já me darei por muito feliz.

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